Fear The Walking Dead: Crítica da 1ª Temporada

Essa crítica não contém spoilers que possam comprometer sua experiência com a série.

Em setembro de 2013, quando a AMC anunciou que expandiria ainda mais o universo de The Walking Dead para poder contemplar todos os cenários e possibilidades da história pós apocalíptica de Robert Kirkman, uma grande e temerária dúvida, além de um sentimento de receio, se instaurou na cabeça dos fãs.

O conceito promissor da série, mostrar o declínio e queda da sociedade, acabou atenuando a desconfiança dos fiéis consumidores dos quadrinhos, livros, games, e também da produção principal, mas será que Fear The Walking Dead cumpriu sua premissa e entregou uma série diferente, com vieses positivos, em relação a The Walking Dead?

Fear The Walking Dead mostrou potencial, mas pecou ao desassistir seu próprio carro chefe: O declínio e queda da sociedade.

Roteiro

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Inicialmente, é importante destacar que o argumento do roteiro é ótimo, além de necessário, pois sempre houve a dúvida do que de fato aconteceu com o mundo enquanto Rick Grimes estava em coma, em Atlanta.

Fear The Walking Dead, por se passar na Califórnia, não responderia necessariamente essa questão, mas daria uma ideia geral de como a sociedade ruiu. Porém a maneira que o roteiro foi escrito, em ritmo lento e com muito drama familiar, acabou mostrando ao espectador apenas uma pequena fração do declínio, e não um panorama geral.

Ainda sobre o roteiro, que ficou a cargo de Robert Kirkman, criador de The Walking Dead, e Dave Erickson, escritor e produtor de Sons Of Anarchy, existe um potencial enorme que pode ser explorado na sequência da série, mas acima de tudo um ‘End Game’, um objetivo factível, é necessário para a segunda temporada que já foi confirmada e tem estreia prevista para 2016.

Personagens

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O desenvolvimento dos personagens sofre do mesmo problema do roteiro: ritmo lento. Evidente que Fear The Walkind Dead, assim como a série principal, é um drama, e por isso a evolução de cada pessoa naquele universo é importantíssima.

Mas passados seis episódios, tanto os protagonistas quanto os papéis secundários deveriam, necessariamente, demonstrar um nível maior de evolução dentro daquele contexto, sem extremar, tanto para o bem, quanto para o mal, fato que acontece. Tirando algumas exceções como Nick, Daniel, Strand e Liza, que possuem construções consistentes, o restante dos heróis da trama são descartáveis, o que é uma pena, pois os atores que os interpretam são muito bons.

Tirando o ritmo cadenciado e o fato de que alguns personagens são ingênuos, existem aspectos positivos em Fear The Walking Dead, destacando principalmente a perspectiva futura. Apesar de não ser tão agradável, de fato foi necessário fundamentar e construir uma nova história do zero dentro de um universo tão consolidado, talvez por isso a primeira temporada tenha optado por tal formato.

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Os diálogos, não em sua totalidade, são um bom ponto, com piadas pontuais e muita contextualização de cena. Eles explicam e entregam tudo que precisamos saber, talvez até elucidando demais. Um ponto muito interessante é que há pouquíssimos zumbis na maioria dos episódios, mostrando que pode-se sim prender a atenção do espectador com fatores subjetivos, tensão e ansiedade.

O terror, o choque e o medo não são elementos presentes, nem mesmo necessários neste caso. Testemunhamos alguns fatores que representam a queda da sociedade, literalmente, tais como a intermitência da energia, o fechamento dos hospitais, o caos e a desordem nas ruas, a instabilidade da guarda nacional, tudo isso é interessante, e é novo, pois na série regular ficamos confinados por muito tempo em áreas repletas de vegetação em Atlanta.

Mas novamente um adendo, tudo foi muito rápido, e novamente o roteiro nos limita ao micro mundo dos protagonistas, quando seria muito mais aproveitável experimentar mais do macro mundo.

Perspectiva

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Para finalizar, Fear The Walking Dead, de uma forma geral, tem tudo para agradar os fãs como vem fazendo, muito porque a marca The Walking Dead possui uma força imensa atualmente, mas principalmente porque é uma série boa apesar de seus problemas estruturais. Aliás, muito longe de ser ruim.

Tais questões sendo minimizadas na segunda temporada, somado a inserção de mais alguns personagens pontuais, Fear The Walking Dead tem potencial para contar uma ótima história de drama ambientada em um mundo de caos. Mais uma, felizmente.


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Fernando Floriano
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