‘Fear the Walking Dead’ começa como tinha de começar

Três zumbis. Foi tudo o que Kirkman, Nicotero e Erickson deram aos fãs no primeiro episódio de “Fear the Walking Dead”. E, mesmo assim, com pouco tempo de exibição.

Para quem não viu, e quer saber, o primeiro foi Gloria, amiga/namorada de Nick, no começo do episódio. Ficou alguns segundos na tela, apenas. Mas foi marcante. Depois, uma cena de longe, com câmera aérea, mostrando um atacando um socorrista no meio de uma estrada. Por fim, um pouco mais demorada, a cena final com o amigo de Nick. Aí, sim, com um pouco mais de ação e interação com os atores principais.

Mas foi só isso. Quem estava sedento por walkers aterrorizando Los Angeles, se deu mal.

Ou não.

Era isso, mesmo, o que dava para esperar da estreia de “Fear”. Não dava, evidentemente, para jogar ali um contexto com o qual as pessoas estão acostumadas em “The Waking Dead”. Simplesmente porque se trata de um começo. E, como todo começo, a coisa evolui lentamente.

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Não foi assim com “The Walking Dead”, claro. Todo mundo se lembra. O primeiro episódio da primeira temporada talvez seja, até hoje, um dos melhores da franquia. A cena de Rick Grimes acordando e, depois, se deparando com um mundo apocalíptico é épica. Culminando com a hora em que encara a garotinha.

Mas já se tratava da realidade daquele momento. O que, claro, não acontece em “Fear”.

O capítulo inicial teve aquilo que tinha de ter. Introduziu personagens e, em um segundo momento, deu a entender o que se pode esperar um pouco de cada um deles. Quem tem vocação para líder, quem tem vocação para ouvir ordens, quem tem vocação para rebeldia, quem tem vocação para explorar.

Ajuda, claro, pegar carona na série-irmã. Não à toa, se tratou do recorde de audiência na estreia de uma série na TV fechada dos Estados Unidos. Dez milhões de pessoas se sentaram à frente da TV para assisti-la.

A recepção das pessoas, no geral, parece ter sido boa. E os produtores sabiam que isso aconteceria. Primeiramente, porque a coisa é de alta qualidade, mesmo. Depois, porque os fãs de “The Walking Dead”, até aqui, têm se mostrado fieis.

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É cedo, ainda, para afirmar se Travis, um dos protagonistas, vai se transformar em um Rick. É pouco provável, porque o futuro de “Fear”, por mais que esteja aberto, está longe de ser o de “The Walking Dead”. É uma grande diferença, evidentemente, pensar em lidar com o caos zumbi no meio de uma cidade ainda civilizada do que em ruínas de outras, como acontece com Grimes.

Mas Rick, vale lembrar, já foi o cara centrado. Por mais que fosse policial, o que sugere que estivesse acostumado a agir com mais energia, já foi o cara tranquilo. Como Travis é. Um sujeito que tem como principal preocupação gerenciar uma crise familiar. Duas, na verdade, já que tem os próprios problemas com o filho, Chris.

Madison faz a vez da mulher forte, que encara o fantasma. Mas, ainda assim, precisa da ajuda de outras pessoas. E Alicia, claro, é a filha que busca uma certa independência, com aquela velha tendência a buscar próprios caminhos, mas ainda ligada às pessoas que a rodeiam.

Não é mera coincidência, se pensar em Lori e Carl. Porque, afinal, é importante manter a estrutura familiar. E, principalmente, criar dramas. Se o cara tem de se preocupar apenas com ele, sem se arriscar por outros, evidentemente, não vai funcionar.

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Por fim, o que se pode esperar dos próximos episódios de “Fear”? A evolução do quadro clínico de Los Angeles e seus habitantes. Como em qualquer crise, a situação vai se alastrar e, aos poucos, tomar conta da situação. Como um vírus, o primeiro contato já foi feito. Os primeiros sinais de infecção apareceram. Aqui e ali, algumas situações já começam a sair do controle. Aos poucos, as pessoas vão entender a realidade e, claro, quando a coisa desandar de vez, a série engata e dá às pessoas o que elas mais querem ver.

Até lá, é preciso um pouco de paciência. O grupo de “The Walking Dead” não se transformou no que é hoje da noite para o dia. Imagine, então, uma cidade inteira. Às vezes, pode ser difícil segurar a ansiedade, porque, bem ou mal, quem está na frente da televisão sabe muito mais do que os protagonistas, já tem todas as respostas para as perguntas que eles estão apenas começando a fazer.

Claramente, parece o tal filme que começa com todo mundo já sabendo o fim. Por que assisti-lo, então? Porque desta vez, pelo menos, não é atrás do fim que as pessoas estão, mas, sim, do começo.


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Plinio Rocha
Plinio Rocha
Jornalista, 38 anos, paulistano. Quando os zumbis tomarem conta, vai preferir o arco e flecha a um revólver. Acha que Rick e Shane poderiam ter se sentado e tentado resolver o triângulo amoroso. Ou não.

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