O guru da maquiagem, Greg Nicotero, fala sobre o chocante zumbi do poço

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Com 2011 chegando ao fim, o site EW.com honrou alguns dos nomes e rostos que trabalharam por trás das câmeras em suas notáveis realizações. O designer de maquiagem Greg Nicotero é sem dúvidas o herói atrás das câmeras do megahit zumbi The Walking Dead, já que ele e a sua equipe no grupo KNB Efx são responsáveis pela legião de repugnantes e sangrentos mortos-vivos cobertos de vísceras. Porém, nenhum zumbi se sobressaiu mais na segunda temporada da série do que aquela criatura inchada que os nossos heróis encontraram presa no fundo de um poço. Vamos deixar que o próprio Nicotero nos conte como foi criar – e quebrar – o zumbi mais notável.

Contado por Greg Nicotero

Quando as portas da sala dos escritores se abriram no início da segunda temporada, eles disseram, “Queremos fazer uma excursão.” E eu disse: “Sim! Vocês deveriam trazer todos ao KNB. Eles podem andar pela loja, ver o que estamos montando, o que já montamos e talvez se inspirem um pouco por lá.” Já tínhamos a máscara que fizemos para “Planeta Terror” de um cara infectado, todo inchado, angustiado e nojento.

Eu recebi uma ligação duas horas após eles saírem da loja. Eles disseram: “Nós temos uma idéia: um zumbi que caiu dentro de um poço.” O poço estava cheio com 250,000 litros de água e o zumbi absorveria e absorveria todo esse líquido lá, então ele ficaria completamente inchado e pálido.

Nós tínhamos feito alguns corpos falsos de afogados no passado. Uma das coisas que nós percebemos – durante as pesquisas em necrotérios e em cadáveres – é que tudo fica muito inchado. O líquido enche tanto a pele que ela acaba inchando e começa a rachar. Essa era uma das coisas que nós realmente queríamos colocar em cena.

Nós criamos um modelo de corpo e cabeça e esculpimos o corpo todo do zero. E colocamos uma pele bem fina e atrás aplicamos silicone para segurar, depois forramos a roupa com espuma. Entre o silicone e a espuma, nós colocamos balões cheios de água. Então o próprio líquido – com o movimento da roupa – se transferiria quando o ator se movesse. Se nós usássemos espuma de látex, a roupa ficaria sem movimento algum. Porém nós utilizamos um tipo de silicone que é altamente plástico – o que significa que o silicone em si era mais maleável. A roupa toda provavelmente pesava uns 27 kg.

O homem por trás da roupa.

Brian Hillard foi o ator. Na verdade, Brian trabalha conosco na KNB. Originalmente nós tínhamos contratado outro ator para fazer a cena, mas ele adoeceu. Eu precisava de alguém que soubesse atuar e tivesse resistência, pois estávamos gravando em Atlanta no final de julho (verão nos Estados Unidos). O silicone não tem estrutura celular que nem a espuma, ele não tem respiração. Então basicamente o Brian estava enfurnado em uma roupa super molhada e bem pesada. Todas as partes de seu corpo estavam cobertas. Ele tinha próteses no rosto, nas mãos, nas duas pernas e nos pés, estava tudo colado e o pior de tudo, ele não podia sair do poço.

Nós filmamos aquela sequencia em dois dias. No primeiro dia, gravamos o interior do poço. Greg Melton (Designer de Produção) construiu uma parede de pedra de 12 metros que imitava à do poço, sendo que a base era uma piscina. Então podíamos abrir a porta, colocar o ator lá dentro e fechar a porta.

Quando começamos a gravar as cenas externas, eles construíram uma beirada de um poço de 1,80m de profundidade. Colocamos limo e KY (gel lubrificante) em uma placa de madeira e posicionamos o Brian na placa. Quando estávamos gravando, nós o puxamos para fora e ele escorregou na beirada do poço. Foi bem desafiador fazer aquela cena dar certo em um programa de televisão. Geralmente, levaria alguns meses pra construir tudo aquilo. Acho que conseguimos fazer toda a cena em apenas quatro semanas.

Quando os personagens o puxam pra fora do poço, ele fica preso e está tão cheio de líquidos que acaba rompendo como um balão de água. Nós tínhamos uma segunda roupa que estava montada com pernas falsas e um torso falso também. Nós prendemos as pernas à beirada do poço e enchemos toda a parte do torso com diferentes bolsas de sangue, cheias de liquido viscoso preto, verde, vermelho e marrom, respectivamente. Então jogamos algumas entranhas e vísceras lá. Queríamos que fosse uma grande explosão repleta de coisas nojentas e viscosas.

Para a hora da ruptura, Darrell Pritchett (Coordenador de Efeitos Especiais) colocou umas bombinhas dentro do torso e das pernas pois nós queríamos que todas as bolsas explodissem simultaneamente. Na cena, a minha equipe de efeitos de maquiagem puxou a parte de cima e a equipe de efeitos físicos acionou as bombinhas que detonaram as bolsas. Os caras de efeitos visuais entraram em cena e adicionaram aquele monte de intestinos esticados e rasgados.

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Nós filmamos as pernas caindo no poço em um palco. Eu aprendi com os meus anos de experiência que pernas de borracha flutuam. Então compramos pesos de chumbo em uma loja de ferramentas. Nós colocamos os pesos nas pernas para quando as pernas caíssem e batessem na água, elas afundassem. Nós adicionamos cerca de 40 kilos nas pernas. E então tínhamos todo aquele monte de sangue falso, e sangue de zumbi, e um monte de liquido colorido em baldes.

Na cena, nós derrubamos as pernas e então despejamos os baldes com todos os líquidos. Eu acho que jogamos cerca de 40 litros de entranhas naquele poço. O truque era gravar a segunda tomada pois as pernas estavam não só pesadas mas também molhadas e escorregadias. Nós carregávamos as pernas de volta ao andaime, 12 metros acima, enchíamos os baldes com os líquidos e despejávamos tudo de novo. E nós fizemos quatro tomadas assim.

Eu tenho uma equipe permanente de três homens. Nós utilizamos muito o talento local em Atlanta, mas a equipe principal é literalmente eu e mais três caras. E eu dirijo uma boa parte de tempo com a segunda equipe de gravação. Certamente é uma grande homenagem à minha equipe, o fato que somos bem sucedidos e reconhecidos no que fazemos. A KNB existe desde 1988 e uma das coisas que tenho mais orgulho é que conseguimos trazer uma sensibilidade cinematográfica ao The Walking Dead.

Fonte: popwatch.ew

Traduzida por: Danielle Klizas. (@daniklizas)

Betagem/Edição em 27 de dezembro de 2011 por May.


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Fausto Gabiou
Fausto Gabiou
Escrevi no Geekdama sobre The Walking Dead e outras coisas por mais de dez anos. Atualmente minhas publicações são feitas em meu perfil oficial, Fábio Augusto. "We are surrounded by the dead. We're among them and when we finally give up, we become them! Don't you get it? WE ARE THE WALKING DEAD!"

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