Robert Kirkman fala sobre seu segundo livro ‘A Estrada para Woodbury’ e seus outros projetos de quadrinhos

Robert kirkman, criador de the walking dead

Já podemos dizer que é desnecessário apresentar Robert Kirkman. Sendo o criador de The Walking Dead, ele vem assistindo o apocalipse zumbi de seus quadrinhos sair das páginas e ganhar vida em uma série de TV, que é um sucesso. Estando em alta com a grande audiência da segunda temporada, o futuro de Robert não está limitado aos mortos-vivos – nem mesmo aos quadrinhos. No evento Esmerald City Comicon 2012, o site Omnivoracious.com falou com Robert, em entrevista, sobre a extensão de seus vários outros projetos, incluindo super-heróis, enredos a longo prazo, romances, dinossauros, e sim, aqueles zumbis famintos por carne fresca.

Tradução e adaptação: Nana Bertoli (Facebook / Twitter)

Omnivoracious.com: Não deve ser fácil introduzir um novo super-herói em meio ao clima atual dos quadrinhos, ainda que Invincible esteja chegando perto de ter edições com números de três dígitos. Como que Invincible conseguiu prosperar em um meio onde vários outros novos heróis não conseguiram?
Robert Kirkman: Invincible é tudo o que eu sempre amei nos super-heróis de quadrinhos jogado em um única história. Eu sou fã desses super-heróis tanto quanto qualquer outra pessoa que leia Invincible. O quadrinho fala a língua deste tipo de fã. É apenas um universo de super-heróis muito legal, com o qual eu posso brincar todos os meses, e que conta com as ilustrações incríveis de Ryan Ottley. No início, foi uma luta, porque existe um excesso de quadrinhos sobre super-heróis na indústria, mas nós seguramos a barra. Eu não poderia estar mais feliz por termos conseguido, mas eu não sei exatamente o motivo. Eu gosto de pensar porque é divertido, mas talvez também seja porque as ilustrações são realmente boas.

Omni: Talvez seja por causa da grande quantidade de personagens que você colocou nos quadrinhos. Atom Eve é uma personagem que começou como secundária, mas agora está ganhando uma maior importância. Isso estava planejado para ela desde o começo?
Kirkman: Sim, eu acredito que ela estava destinada a ser o verdadeiro amor de Invincible, ou algo assim, mas eu não quis deixar óbvio, nem revelar isso cedo demais e é assim que as coisas estão fluindo. Então, nós meio que apenas demos pequenos indícios desde o começo. Mas ela, de certa forma, sempre foi um importante personagem para o elenco. Ela sempre foi a melhor amiga de Invincible e sempre o ajudou, dizendo como deve ser um adolescente que é um super-herói ao mesmo tempo. Eles cresceram juntos durante as 100 edições. Eu sinto que o laço romântico entre os dois é muito forte, porque foi desenvolvido por 60 edições, e eu não sei por que, mas realmente gosto de escrever sobre esta personagem.

The invincible - hq do criador de the walking dead, robert kirkman

Omni: Este laço vem sendo o tema central dos últimos dois volumes, sendo que no último foi, particularmente, de dar arrepios. O que você pretende fazer depois de despedaçar os seus heróis, literalmente?
Kirkman: [Risos] Bem, eu os colarei de volta e os despedaçarei de novo. Não, uma das coisas mais divertidas sobre Invincible é se sentar e pensar, “Esses são os caras que conseguem destruir facilmente naves espaciais de batalha. Como que você vai retratar essa história de maneira realista?” Na verdade, todas as vezes que eles lutarem, eu acredito que eles vão se despedaçar. Invincible se transforma em algo mais do que apenas mais uma história de quadrinhos de violência à medida que vamos apresentando mais e mais vilões poderosos, com quem os heróis deverão lidar. Esse tipo de coisa acontece.

Omni: Depois dos acontecimentos sangrentos em The Viltrumite War, o último volume, Get Smart, seria uma pausa para os personagens e leitores recuperarem o fôlego?
Kirkman: Sim, The Viltrumite War foi algo que nós estávamos construindo desde o início, e é um dos mais longos volumes de Invincible. O volume Get Smart mostra o Invincible mudando os seus métodos mais uma vez. Uma das coisas com a qual eu mais brinco em Invincible é que ele é muito jovem. Ele começou a ser um herói quando ele tinha apenas 17 e agora ele está perto de fazer 20. Então, ele está amadurecendo e mudando os seus métodos, e em Get Smart, ele está decidindo, “Eu tenho esses poderes. Em que eles podem ser úteis para a sociedade?” É meio que um respiro no meio do arco, mas também irá estabelecer as coisas para os próximos dez volumes de Invincible [risos], então é uma história bem integrada.

Omni: Você tem um novo público-alvo em Super Dinosaur. O que você pode dizer aos seus fiéis leitores sobre este quadrinho?
Kirkman: É sobre um jovem gênio que atende pelo nome de Derek Dynamo e que tem apenas dez anos. Ele mora em um complexo de apartamentos secretos, construído no topo do Mt. Rainier com o seu pai, Dr. Dynamo. Seu melhor amigo é um Tiranossauro Rex, de dois metros de altura, geneticamente alterado com braços robóticos que ele controla os seus pequenos braços de T. Rex. Eles participam de aventuras no centro da terra, onde existe um mineral especial chamado DynOre, uma incrível fonte de poder – então, tem todos esses vilões que estão tentando chegar ao interior da Terra, enquanto Derek e o seu dinossauro estão tentando manter o planeta a salvo.

É um quadrinho para todas as idade, e eu acredito que irá chamar a atenção de crianças de sete anos, adolescentes de 15, e eu, com 33 anos, adoraria ler esse quadrinho, se já não tivesse escrevendo. É o meu desejo ter uma história em quadrinhos lançada que atinja todas as faixas etárias. Isso não quer dizer que será nivelado por baixo para englobar uma audiência mais jovem, mas não irá ter nenhuma obscenidade, nem violência explícita e as histórias são contadas de um jeito que um leitor mais jovem poderá entender. Há muitas sugestões dramáticas e tramas obscuras que são apropriadas para as crianças e que também são capazes de intrigar uma audiência mais velha. Além disso, temos um Tiranossauro Rex atirando mísseis pelas suas costas e batendo em um “cara dinossauro”, então é um quadrinho bem divertido.

Omni: Isto faz parte de sua marca, Skybound?
Kirkman: Sim.

Omni: Com toda a sua liberdade de criação e sucesso que você tem tido, por que criar essa marca para você mesmo?
Kirkman: Bem, a Images Comics realmente é um grupo de grandes pessoas com talento. Temos cinco parceiros agora; eu sou o que foi acrescentado mais recentemente, e todos nós temos as nossas pequenas casas dentro da Image Comics, que procura oferecer diferentes quadrinhos. Então, existe a Image Top Cow, Image TMP, que é da companhia Todd McFarlane, Image Shadowline, companhia de Jim Valentino, e agora tem a Image Skybound, que é a que eu estou atuando.

De fato, é apenas uma maneira de marcar “Esses são os quadrinhos que estão sendo supervisionados por Robert Kirkman.” A marca Skybound é a minha forma de registrar todos os meus quadrinhos de modo que as pessoas irão saber que eles são meus. Mas uma das coisas que eu também estou tentando fazer é encontrar novos talentos; fazer o tipo de quadrinho que você não vai encontrar em meio a indústria de quadrinhos. Eu acredito que The Walking Dead é um bom exemplo de algo que, honestamente, não tem o direito de ser um quadrinho. É uma história dramática, sombria e de sobrevivência, sendo que, quando as pessoas pensam em quadrinhos, elas pensam em super-heróis. Então, a missão da Skybound é encontrar novos talentos com novas ideias, que não sejam necessariamente ideias de super-heróis – assim como Thief Of Thieves, que é um quadrinho sobre crimes com um ar mais ‘noir’ sobre pessoas que organizam crimes.

Nós também estamos trabalhando em algo chamado Witch Doctor, que é um quadrinho esotérico sobre um cara que trata as ameaças sobrenaturais por meio da medicina. Ele sabe que o sobrenatural é real e tem que ser tratado de uma maneira palpável. A Skybound é sobre trazer novas ideias ao meio e se divertir muito fazendo isso.

Thief of thieves - nova hq do criador de the walking dead, robert kirkmanOmni: Que bom que mencionou Thief Of Thieves. Eu li as duas primeiras edições e elas são bem cinematográficas. Em quais filmes você se inspirou?
Kirkman: Temos o Crown, o Magnífico, os filmes da franquia Onze Homens e um Segredo, Romance Perigoso, e podemos dizer que a maioria dos filmes que trazem o George Clooney [risos]. Também temos Ladrão de Casaca. É apenas um modo de contar uma história, que pode ser encontrada em filmes e na televisão, a longo prazo. É sobre este ladrão chamado Redmond que encontra as suas origens familiares, junto com os seus objetivos e a sua missão – e procuramos explorar os detalhes com mais tempo, onde você pode vê-lo passando de crime a crime e o quanto isto irá custar para ele.

Durante o primeiro arco da história, ele irá perceber que ele é absoluta e completamente viciado na sensação de ser um ladrão. Mas, ele ainda é muito apaixonado por sua ex-mulher e tem que reconciliar este seu estilo de vida, enquanto pensa no momento que ela disse “Ou eu ou essa vida de crimes.” Ele lamenta a sua decisão e possui esses dois lados que são diretamente opostos, e o seu único recurso é, essencialmente, tornar-se o “ladrão dos ladrões.” Ele irá roubar por uma boa causa, roubar dos outros ladrões e devolver esses objetos, para que ele possa sustentar o seu vício e ainda ser uma boa pessoa e, com sorte, conseguir se reconciliar com a sua mulher, a quem ele ainda ama muito. E o seu filho, que agora já é um adulto, está tentando seguir os passos do pai, mas Redmond é o melhor ladrão de todos os tempos, já o seu filho não.

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Omni: E no meio de tudo isso, você ainda está escrevendo The Walking Dead – e não apenas no formato de quadrinhos. Acredito que muitos fãs tenham se surpreendido que A Ascensão do Governador tenha sido lançado apenas no formato de texto. Por que não contar esta história em um quadrinho?
Kirkman: Eu sempre gostei da ideia de fazer romances isolados de The Walking Dead. Acho que é bem divertido trabalhar assim, e é algo que eu sempre quis fazer. Eu tenho regras bem restritas sobre não querer criar muitas histórias paralelas em The Walking Dead e, para mim, foi uma saída fazer uma história paralela em um formato diferente. O Governador é um personagem bem interessante nos quadrinhos; ele é muito amado como um vilão perverso. Eu sempre tive toda uma história para ele e eu nunca pensei em divulgar isso, mas a possibilidade de fazer isso em um livro me pareceu uma boa ideia. Você sabe, eu sou uma pessoa muito ocupada e nunca tive tempo de colocar isso em prática.

Foi quando meu empresário me apresentou a Jay Bonansinga, que é um escritor brilhante, e eu comecei a conversar com ele sobre a possibilidade de co-escrever o romance e foi assim que tudo deu certo. Eu estou muito orgulhoso do trabalho que Jay e eu fizemos, e acredito que estaremos fazendo isso de novo em breve.

Omni: Esta era exatamente a minha próxima pergunta, parece que você tem mais livros em mente.
Kirkman: Sim, eu tenho. Sabe de uma coisa, eu irei dizer que o segundo livro será lançando em outubro, acredito, terá o nome de The Walking Dead: A Estrada Para Woodbury, e irá ser uma sequência direta de A Ascensão do Governador. Nós iremos encontrar novos personagens enquanto nos aprofundamos em Woodbury e vemos como esta foi fundada e como o Governador continuou crescendo como personagem. Tudo isso se passa antes de nós encontrarmos o Governador nos quadrinhos, e este personagem ainda é cheio de histórias que precisam ser contadas. Nós também estaremos olhando para os outros – Lilly também será focada. Vai ser bem divertido explorar esses personagens de novo.

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The walking dead volume 15

Omni: Voltando a falar de quadrinhos. O último volume, We Find Ourselves, levou reflexões para os sobreviventes. Em uma série tão longa assim, como você planeja o ritmo? Isso tudo foi intencional?
Kirkman: Definitivamente, é um efeito gangorra. Eu tento fazer que não seja muito previsível. Eu sinto como se tivesse que ter esses momentos mais calmos, onde nós podemos conhecer melhor os personagens, e começar a ter certeza que eles realmente conseguiriam sobreviver em meio a este mundo. We Find Ourselves faz parte de um desses volumes, e o próximo volume, A Larger World, está fazendo com que as coisas fiquem mais intensas, e logo após este, o volume Something to Fear será extremamente intenso. Nós temos planos enormes. Você tem todos esses momentos calmos para fazer com que os intensos fiquem mais intensos ainda. Há sempre uma temporada mais calma e outra mais agitada.

 

Fonte: Omnivoracious.com
Tradução e adaptação: Nana Bertoli (Facebook / Twitter)


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Najara
Najara
Jornalista em meio período, fã de terror em período integral. Facebook: http://www.facebook.com/najara.bertoli Twitter: https://twitter.com/harleen_

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