O cineasta brasileiro, Tiago Belotti, em seu (excelente) canal no YouTube disse sobre The Walking Dead: “há uma forte oscilação entre episódios sensacionais e episódios quase inassistíveis”.
É complicado comparar a série até mesmo com a HQ, embora possuam o mesmo protagonista e objetivo, são mídias totalmente diferentes, sendo que a segunda não têm interpretações, trilha sonoro e nem cores. Logo, faria menos sentido ainda comparar The Walking Dead com outras series. Mas será necessário comentar alguns pontos entre as duas mídias.
A inconsistência da série pode ser claramente observada nas duas primeiras temporadas. A primeira, que geralmente é a mais difícil, afinal, é necessário apresentar os personagens, o universo e o tema que será abordado, isto é, o comportamento humano num mundo pós apocalíptico de extrema violência para The Walking Dead; de forma consistente, para atrair o público e conquistá-lo. E a série o fez, pois conseguiu uma audiência alta para uma série estreante.
No entanto, a segunda temporada…
Diálogos chatos, arcos forçados e monótonos. Claro, isso não é regra geral, houve acontecimentos importantes, como Rick se arriscando para salvar Sophia. Carl sendo baleado. Shane usando Otis para escapar duma horda. Lori grávida. Glenn e Maggie. Dale. Daryl. Dentre outros. Entretanto, era possível realizar essas coisas em menos de 13 episódios, sendo que alguns deles, foram “quase inassistíveis”.
Entretanto, a incoerência nos roteiros é maior responsável pela inconsistência. Exemplos claros disso são a morte de Bob e Beth. Após um período no qual o personagem estava sendo bem desenvolvido, Bob é mordido por um zumbi que estava debaixo duma água suja! Beth, recebeu até mais atenção do que Bob, ganhando mais episódios para o seu arco, e morreu depois da atitude mais imbecil que poderia ter!
Ambas as mortes precisariam de argumentos muito bem construídos para que não fossem destoantes. O que não ocorreu. Portanto, esses trechos das últimas temporadas soam como quebra no ritmo da série.
Essa sexta temporada tem sido ótima. Talvez, a melhor da série até aqui, houveram diálogos forçados sim, mas numa frequência menor. A ação foi bem construída. Os arcos, como os de Morgan, bem representados. Discussões relevantes. Chegou-se ao sétimo episódio, que foi ótimo. No entanto, ele nos apresentou ao último acontecimento destoante em The Walking Dead: a sobrevivência de Glenn.
Existia a possibilidade dele sobreviver? Pouquíssimas. Tanto quanto a chance de ser acertado por um raio. Era possível convencer o telespectador, caso fosse explicado de maneira mais plausível, o que novamente não aconteceu.
Inevitavelmente, por ser um personagem bastante popular; e que representa, de certa forma, parte do resto da bondade humana na série; a maioria dos fãs não queria a sua morte. Seria um acontecimento de peso. Pela circunstância. Por não ser como na HQ. Provavelmente, pela sua principal característica, como já citado em outra análise. Seria um marco, que mostraria que todos os personagens correm riscos.
É errado matar personagens secundários e deixar sobreviver personagens importantes de maneira incoerente? Não, porém se a serie não se importasse em manter o comportamento humano verossímil. Como dito no vídeo citado no começo desse texto, a série cada vez mais está criando um grupo de personagens intocáveis, que diverge do que a princípio foi apresentado. Diferente da HQ, que embora possuam ainda personagens desde o começo, Rick perdeu a mão, Carl o olho, Michonne foi estuprada. E para todos esses acontecimentos, houve uma explicação aceitável. Claro, a HQ é mais pesada que a série, mas isso não significa, que é necessário preservar os personagens mais populares.
A série se torna horrível por causa desse acontecimento? Não, mas como sempre deixa aquele gostinho de “poderia ter sido melhor!”, caso seguisse a mesma lógica sempre.
